sábado, 22 de março de 2008

Breve história da origem do hip-hop



O hip-hop emergiu nos EUA, na década de 70, nos subúrbios negros de Nova Iorque (Bronx, Harlem, Brooklyn). Estes subúrbios, verdadeiros guetos, enfrentaram todo tipo de problemas: pobreza, violência, racismo, tráfico, carências de infra-estrutura, de educação, etc. Os jovens encontravam na rua o único espaço de lazer, e geralmente entravam num sistema de gangues (bem formando parte de alguma das gangues, bem desde fora delas, mas sempre conhecendo os territórios e as regras impostas por elas), as quais se confrontavam de maneira violenta na luta pelo domínio territorial.

Neste contexto nasciam diferentes manifestações artísticas de rua: música, dança, poesia, pintura. Os DJ’s Afrika Bambaataa, Kool Herc e Grand Master Flash, entre outros, observaram e participaram destas expressões de rua, e começaram a organizar festas nas quais estas manifestações tinham cabida.

Em 12 de novembro de 1973 foi criada a Zulu Nation1, cuja primeira sede estava situada no bairro do Bronx. A Zulu Nation é uma ONG que tem como objetivo acabar com os vários problemas dos jovens dos subúrbios (ainda que, posteriormente, adquiriu caráter universal), especialmente com o problema da violência. Começaram a organizar “batalhas” não violentas entre gangues com um objetivo pacificador. As batalhas consistiam em uma competição artística (para ilustrar o ambiente hip-hop nos EUA na década de 80, recomendo o filme Wild Style, do diretor Charlie Ahearn, no qual aparecem grandes figuras de vital importância na construção do movimento, como o DJ Grand Master Flash). Nascia assim o hip-hop, aglutinando os 4 elementos básicos:

- DJ (disc-jockey): operador de discos, que faz bases e colagens rítmicas sobre as quais se articulam os outros elementos.

- MC (master of cerimonies): porta-voz que relata, através de articulações de rimas, os problemas, carências e experiências em geral dos guetos. Não só descreve, também lança mensagens de alerta e orientação.

Estes dois elementos conformam o chamado rap (rythm and poetry).

- B boy (break boy): representante da expressão corporal, da dança de rua, o street dance ou break dance, em seus vários estilos (popping, locking, boogaloo, etc).

- Grafitti: expressão plástica, pinturas geralmente feitas em muros, trens, etc.

A Zulu Nation acrescentou um quinto elemento aos quatro existentes (DJ, MC, B boy, Grafitti): o Conhecimento – consciência cidadã. Alertou-se insistentemente para a importância deste quinto elemento, para a sobrevivência e o sucesso deste movimento. Conhecimento do mundo, cultura, para formar uma identidade e uma consciência étnica e de cidadania em pessoas, especialmente os afro-descendentes pobres, que tinham difícil acesso à educação e mal conheciam os seus direitos e deveres como cidadãos,. Assim, o hip-hop se transformou em um instrumento de mudança social.

Foi o trabalho da Zulu Nation que conseguiu que o hip-hop fosse conhecido como cultura e exportado a outros lugares, nos EUA e no mundo.


Fonte: http://hemi.nyu.edu/course-rio/perfconq04/students/work/hiphop%20performance%20afro.htm - acesso em 22/03/2008

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